quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Os Andes, ou um quebra-molas a oeste

No domingo, novamente um lindo dia de céu azul, dirigimos até a primeira saída da autopista de Mendoza para iniciar nossa jornada pelos Andes, seguindo a recomendação dos ciclistas da região de evitar alguns subúrbios. Adentramos a Ruta Nacional 7, a grande artéria que liga Buenos Aires à Santiago, com um intenso tráfego de caminhões, e percorremos mais de 10km de falsos-planos até chegarmos às primeiras inclinações. Os aclives das serras pré-andinas eram longos, mas não muito íngremes; pedalamos juntos, com eventuais paradas para fotografias e reabastecimentos. Iniciamos a subida a Uspallata, passando ao total por 8 túneis neste trecho da estrada que, às margens do rio Mendoza, nos presenteava com vistas cada vez mais exuberantes do vale. Ao chegarmos ao centro da cidade, com 94 km completados e 1700m de altitude, Gilnei sugeriu pedalarmos por mais algum tempo para adiantar um trecho do dia seguinte, que originalmente teria 160km. O vento descia os Andes, que estavam diretamente à nossa frente, tornando o avanço bastante penoso. No final, depois de mais de uma hora, percorremos cerca de 20km, antes de embarcar no carro e descermos de volta para o hotel que a Luciana havia encontrado.

O trecho adiantado provou-se de grande vantagem no dia seguinte. Ventava muito quando iniciamos a pedalada na segunda-feira, pouco após as 10h30. O GPS marcava 1950m de altitude, e apesar do sol, as temperaturas eram baixas - todos iniciaram com pernitos e jaquetas. As montanhas altas de todos os lados tornavam difícil estabelecer uma referência das inclinações que estávamos subindo - ou descendo. Passamos o controle de Puente del Inca, a 2400m de altitude, onde fomos informados por um oficial que o trecho que havíamos percorrido até ali era "apenas o caroço da azeitona". Atravessamos a base de Los Penitentes, à 2800m; cruzamos a barreira dos 3000m, esperando uma "subida do mal", mas as inclinações permaneciam apenas moderadas. Quando chegamos a entrada do túnel Cristo Redentor, a 3200m, que marcava o ponto mais alto da travessia, Gilnei largou: "Los Andes cucurutu!" - a temida subida foi muito tranquila!

Os oficiais do pedágio antes do túnel vetaram a possibilidade de entrarmos de bicicleta, então tivemos de colocar as bikes no carro para os gélidos 3,5km de descida. Desembarcamos já do lado chileno, e descemos mais 4km até o complexo Los Libertadores, onde realizam-se os trâmites de aduana entre Argentina e Chile. Lá encontramos Mario Wickert, pai do Ricardo, que nos acompanhou enquanto preenchíamos formulários e recebíamos inúmeros carimbos de saída e entrada. Após quase uma hora de burocracias, finalmente fomos liberados para iniciar a descida de Los Caracoles, um conjunto de mais de 20 curvas que descem, serpenteando, a encosta dos Andes chilenos. Começava a entardecer, e continuávamos descendo, ainda que com inclinações agora já mais suaves. Chegamos ao centro de Los Andes ao cair da tarde, e na pousada "Los Juncos", localizada alguns quilômetros adiante, já quase no escuro. Depois dos banhos, saímos para um jantar onde nos permitimos já uma pequena comemoração com um vinho local. Falta pouco!

2 comentários:

Júlio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Júlio disse...

"Mario Wickert, pai do Ricardo": terceira pessoa rlz! :)