sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sessão de Fotos

Na semana que vem, iremos apresentar uma sessão de fotos do Desafio. Pretendemos mostrar um pouco das estradas e paisagens, bem como contar algumas histórias do desenrolar desta indiada. Fica aqui o convite:

O quê? Apresentação de fotos do Desafio Transcontinental Elipse
Software/LAST

Onde? Cherry Blues Pub - R. Marquês do Herval, 52

Quando? Quinta-feira, 16/outubro, às 20h

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fotos da chegada

Logo após cruzar a fronteira, no passo Cristo Redentor; iniciando a descida.

A chegada em Viña del Mar, no calçadão na beira da praia

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Do Pacífico

Amanhecemos tardiamente na pousada em Los Andes. Aproveitamos o fuso-horário para dormir uma hora à mais; de qualquer forma o café da manhã seria servido somente às 8h30. Fazia outro lindo dia de sol; saímos de manga curta. Predominavam descidas no trajeto até Viña del Mar, mas um vento constante vindo da costa impedia que desenvolvessemos muita velocidade. Com os chilenos a comemorar a sua semana da pátria, com carros e casas adornados com bandeiras e as cores nacionais, Gilnei comprou uma bandeirinha para levar no guidão da bicicleta, o que rendeu várias saudações e gritos de "Viva Chile!" ao longo do caminho.

Enfrentamos um pequeno imprevisto ao descobrirmos que a Ruta 60, que no nosso mapa era uma estrada 'normal', havia sido transformada em uma autopista. Tivemos de colocar as bikes no carro para atravessar um túnel sem acostamento, mas fora isto, seguimos adiante. Descemos da autoestrada nos subúrbios de Viña del Mar, no que mais tarde descobrimos que era a avenida principal da cidade. Parada para um lanche-almoço em um posto de gasolina, antes de enfrentarmos o último trecho, com trânsito intenso e muitos ônibus nos bloqueando. Adentramos a avenida 1 Norte, ainda sem muita noção da distância até a praia. Passamos o centro, e comentamos que aquilo ainda não se parecia muito com uma cidade litorânea. Foi só quando avistamos alguns coqueiros que a ficha caiu - e daí já estávamos praticamente na praia. Chegamos!

Fotos, comemorações, abraços e telefonemas para casa. Procuramos um pedaço de areia para o nosso "cerimonial": molhar as rodas na água do Pacífico, coletar areia da praia, estourar um espumante - que foi bebida nas caramanholas das bicicletas. Festa! Nos instalamos no hostel "Che Lagarto", e depois de lavadas as bicicletas e os ciclistas, fomos procurar um bar local para um salmão com vinho chileno para dar prosseguimento às comemorações. Um brinde à travessia!

Os Andes, ou um quebra-molas a oeste

No domingo, novamente um lindo dia de céu azul, dirigimos até a primeira saída da autopista de Mendoza para iniciar nossa jornada pelos Andes, seguindo a recomendação dos ciclistas da região de evitar alguns subúrbios. Adentramos a Ruta Nacional 7, a grande artéria que liga Buenos Aires à Santiago, com um intenso tráfego de caminhões, e percorremos mais de 10km de falsos-planos até chegarmos às primeiras inclinações. Os aclives das serras pré-andinas eram longos, mas não muito íngremes; pedalamos juntos, com eventuais paradas para fotografias e reabastecimentos. Iniciamos a subida a Uspallata, passando ao total por 8 túneis neste trecho da estrada que, às margens do rio Mendoza, nos presenteava com vistas cada vez mais exuberantes do vale. Ao chegarmos ao centro da cidade, com 94 km completados e 1700m de altitude, Gilnei sugeriu pedalarmos por mais algum tempo para adiantar um trecho do dia seguinte, que originalmente teria 160km. O vento descia os Andes, que estavam diretamente à nossa frente, tornando o avanço bastante penoso. No final, depois de mais de uma hora, percorremos cerca de 20km, antes de embarcar no carro e descermos de volta para o hotel que a Luciana havia encontrado.

O trecho adiantado provou-se de grande vantagem no dia seguinte. Ventava muito quando iniciamos a pedalada na segunda-feira, pouco após as 10h30. O GPS marcava 1950m de altitude, e apesar do sol, as temperaturas eram baixas - todos iniciaram com pernitos e jaquetas. As montanhas altas de todos os lados tornavam difícil estabelecer uma referência das inclinações que estávamos subindo - ou descendo. Passamos o controle de Puente del Inca, a 2400m de altitude, onde fomos informados por um oficial que o trecho que havíamos percorrido até ali era "apenas o caroço da azeitona". Atravessamos a base de Los Penitentes, à 2800m; cruzamos a barreira dos 3000m, esperando uma "subida do mal", mas as inclinações permaneciam apenas moderadas. Quando chegamos a entrada do túnel Cristo Redentor, a 3200m, que marcava o ponto mais alto da travessia, Gilnei largou: "Los Andes cucurutu!" - a temida subida foi muito tranquila!

Os oficiais do pedágio antes do túnel vetaram a possibilidade de entrarmos de bicicleta, então tivemos de colocar as bikes no carro para os gélidos 3,5km de descida. Desembarcamos já do lado chileno, e descemos mais 4km até o complexo Los Libertadores, onde realizam-se os trâmites de aduana entre Argentina e Chile. Lá encontramos Mario Wickert, pai do Ricardo, que nos acompanhou enquanto preenchíamos formulários e recebíamos inúmeros carimbos de saída e entrada. Após quase uma hora de burocracias, finalmente fomos liberados para iniciar a descida de Los Caracoles, um conjunto de mais de 20 curvas que descem, serpenteando, a encosta dos Andes chilenos. Começava a entardecer, e continuávamos descendo, ainda que com inclinações agora já mais suaves. Chegamos ao centro de Los Andes ao cair da tarde, e na pousada "Los Juncos", localizada alguns quilômetros adiante, já quase no escuro. Depois dos banhos, saímos para um jantar onde nos permitimos já uma pequena comemoração com um vinho local. Falta pouco!

domingo, 14 de setembro de 2008

Do outro lado

Após a chegada em Minas Clavero, pedalamos até Lujan. O trajeto costeava a grande serra, mas as subidas foram poucas. Ao pararmos em Villa Dolores para nos orientarmos em um trevo, fomos abordados por Sergio, um ciclista muito prestativo, que se dispôs a nos acompanhar até cruzarmos para a província de San Luis. Trocamos endereços e camisetas antes de seguir.

Lujan é uma pequena cidade turistica ao pé da serra, com talvez 3 mil habitantes, um hotel e um dormitório, onde nos instalamos. O cansaço acumulado dos dias anteriores nos levou a decretar o dia seguinte como um dia de descanso - aproveitando assim a folga de um dia no cronograma que havíamos conquistado com algumas etapas mais longas nos dias anteriores. A quinta-feira foi então tomada por ciestas, alongamentos e massagens, além de pequenas incursões para conhecer o centro da cidade e o grande atrativo da região, o dique de Lujan, que forma um simpático lago entre altas montanhas.

Na sexta, embarcamos numa grande jornada através do nada. Percorremos 187km até Encon, atravessando o Parque Nacional da Sierra de las Quijadas. Após atingirmos o alto de um longo falso-plano, fomos presenteados com uma vista fantástica: avistamos os Andes pela primeira vez. A constatação de que não eram nuvens aquelas formas brancas no horizonte foi indescritível. Encon, por outro lado, nos desapontou. Além de um posto de gasolina e uma casa de correção, a cidade é um grande vazio estilo faroeste. A saída foi dirigirmos até Mendoza, que seria destino da próxima etapa, e no dia seguinte dirigir de volta para pedalarmos o trecho Encon-Mendoza.

Este trecho, percorrido no sábado, foi um verdadeiro deleite. Os ventos favoráveis levaram a media horária para mais de 33 km/h, e assim chegamos quase uma hora adiantados. Tivemos nesta etapa a companhia de Daniel e Martin, ciclistas da região que nos escoltaram até a entrada da cidade. Escrevemos agora do hostel Campo Base, de onde partiremos em breve para a primeira etapa andina, rumo a Uspallata. Até breve!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mais umas fotos

Escalada para Altas Cumbres, saindo de Córdoba.

Chegada em Mina Clavero, após a descida já no escuro.

No dia seguinte, costeando a serra em direção a Lujan (San Luis).

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Montanhas.

Depois de 200km vindos de San Francisco, esperávamos que os 135 km de Córdoba até Mina Clavero seriam um "descanso". Tomamos algumas cervejas, levantamos tarde, e nos enganamos redondamente.

Fizemos um levantamento de informações sobre o trajeto das diversas etapas. Vimos que Córdoba tinha uma cadeia de montanhas à Oeste, e fomos atrás. A resposta que nos deram foi nas linhas de "sobe um pouco, mas nada excessivamente íngreme ou alto como os Andes" - o que nos levou a imaginar algum serrito com 600 ou 700m de elevação. O que descobrimos foi que a cadeia de montanhas ao largo de Córdoba eleva-se a mais de 2.200 metros - realmente, ainda uma fração dos Andes, que atingem mais de 6 mil metros, mas muito mais que as tradicionais subidas até Nova Petrópolis ou Gramado, por exemplo.

Partimos de Córdoba às 12h40, com sol alto e forte, e temperaturas na casa dos 30 graus. As primeiras subidas, após passarmos Carlos Paz, foram escaldantes, nos levarando a mais de mil metros de altitude (medidos pelo GPS do Vitório - valeu Bunitão!). O que nos surpreendeu foi, ao atingirmos o alto destas, enxergarmos uma cadeia ainda maior e, após algumas descidas e intesecções, constatarmos que teríamos de passar por elas para chegar em Minas Clavero. O nosso pedal de "descanso" havia se transformado em uma escalada épica, com quase 50km subindo a fio até a localidade de El Condor.

Após enchermos os olhos com vistas deslumbrantes de toda a região, iniciamos a descida pelo outro lado da serra ao entardecer. No percurso, encontramos gelo (!) nas encostas e mesmo na pista. Fizemos uma parada ainda no alto para colocar jaquetas, luvas e outros apetrechos para o frio que passaríamos em seguida. O sol se punha quando avistamos as luzes de Minas Clavero e Cura Bochero, ainda distantes muitos metros abaixo. A Lu colocou-se, imediatamente, atrás de nós e ajudou na iluminação da descida com os faróis altos do carro de apoio. Ao cruzarmos um veículo da Policia Caminera, ganhamos uma escolta inesperada: os policiais retornaram e postaram-se logo atrás de nós, sinalizando para os outros veículos e iluminando placas de sinalização. Descemos com nossos "batedores" até a entrada de Minas Clavero, cujas ruas iluminadas adentramos pouco após as 20h30. Bikes no carro, encontramos um simpático hotel nesta que é uma cidade turística de grande ocupação no verão, mas praticamente deserta no restante do ano.

Jantamos num delicioso restaurante de Parrillas, onde fomos atendidos pelos simpáticos donos do estabelecimento e comemos massas e carnes para recuperar as energias gastas na inesperada subida.